Eu te amaria até o mundo pegar fogo e eu junto. Enquanto a gente dorme, eles planejam um novo golpe. E nossas cabeças não pensam em nada. Porque falar em coletivo? Porque sinto que ele sente. Eu sou ele? Ele sou eu? Ou é um eu compartilhado, sendo roubado de mim?
Me sinto escorrendo pelos bolsos e sendo derretido pra virar alguma espécie de instrumento musical. Como pode isso de ser e não ser ao mesmo tempo? Hein? Como pode?
Um joão de barro veio me visitar, mas ainda não construiu sua nova casa, nem prendeu nenhuma esposa traíra la dentro. É que nos passos que eu dou, eu piso em ovos… Mas piso massacrando-os, pra ver se nasce alguma ave daquelas cascas brancas que perfuram a sola do pé. Eu poderia andar em brasa, mas eu ando sobre as nuvens, com os pés no ar e de ponta a cabeça. Perdendo a cabeça. Sendo pouco a pouco guilhotinado, que nem terra que é arada. É que o corpo as vezes precisa ser só corpo. Com lógica de corpo, de carne osso e coração. Sem os neurônios pra atrapalhar o equilíbrio de ser. E eu aqui desejando um corpo sem órgãos. Um copo de vinagre. Pra ver se a acidez me corroí um pouco. É uma auto-tortura saudável capaz de me levar pra longe do que eu sinto.
Como pode isso, hein?Como pode isso? Esse medo da entrega e igualmente do abandono? Essa sede de ter e ao mesmo tempo ser muito pra te conhecer. /Mas calma, sem medo do que eu sou.
ME adentra a pele, me corrói os laços e diz que eu sou seu. Pode dizer. Mas eu ja adianto… As minhas respostas serão poucas. Ou não serão o bastante… O batente.
Eu me perco nessa vias respiratórias, em compartilhar minha solidão.Faz tempo que ele busca uma dispensa onde colocar tanta carga. Um quarto escuro e olhos de abismo. E o que eu faço com isso? Com o fogo que ainda queima e não me deixa descaçar? Eu não quero descanar. Eu quero mais. Eu quero mais é que você abra essa porta, chute a maçaneta e desista das cópias que você falou que faria.
O que é isso de buscar um homem?? Esse homem que eu não sou? Então é assim? Esse homem eu encontro em você e tudo fica em paz? Mas e o meu homem? Mas e eu homem? Fica ali de quatro largado no ato? E o meu pau torto? Meu falo desagradado pelos atos falhos de uma cabeça viril? Que se perde nos cabelos curtos, no próprio poço aquático.
Eu tenho medo. Ao mesmo tempo que eu quero que doa. Que doa pra me tirar do meu lugar. Acho que é isso que eu sempre busquei. E algumas sombras agonizam meus pensamentos. Por que eu não quero te perder. Mas eu também não quero ME perder. Mas eu ja perdi tanto nos lençóis que talvez, ja seja uma caminhada sem volta, e com muitas encruzilhadas pela frente. E nessa caminhada a gente deve se encontrar. Por entre os chicletes e gomas de mascar que eu te peço. Só isso… E mais um pouco de caos.
Foram duas estrelas cadentes. Até agora.